PROFESSORES TEMPORÁRIOS E TERCEIRIZADOS DE NATAL CONQUISTAM PAGAMENTO DE SALÁRIOS ATRASADOS
Movimento deu apenas o primeiro passo. A luta contra a precarização do trabalho deve continuar!
Todo mundo já sabe que a educação pública em Natal, assim como os demais serviços públicos, vai de mal a pior, com os mesmos problemas de sempre e outros novos que surgem a cada dia. O que talvez nem todos saibam é que em 2011 os professores contratados, que compõem a maioria no quadro de muitas escolas, vieram receber o primeiro salário do ano somente no mês de junho. Os atrasos dos salários e dos vales transportes viraram uma rotina, ao ponto da expressão “pagar para trabalhar” se aplicar literalmente à realidade desses trabalhadores que são os mais explorados entre os já muito explorados.
Situação parecida viveram os funcionários terceirizados, que deixaram de honrar seus compromissos porque já não podiam contar com os próprios salários. A situação se tornou insustentável para algumas escolas que funcionam com o quadro de trabalhadores composto por praticamente 100% de terceirizados. A maior parte delas ficou sem condições de funcionamento porque os profissionais sequer podiam chegar ao trabalho, já que não tinham dinheiro ou vale transporte. Isso fez as escolas fecharem.
Diante desse caos, a Central Sindical e Popular - Conlutas (CSP-Conlutas) se posicionou na defesa da educação e de seus trabalhadores, realizando um protesto no qual funcionários e professores das escolas paralisadas puderam chamar a atenção da comunidade para a situação limite em que se encontravam. A partir dessa atividade, conseguimos agendar uma audiência com o Secretário da Educação, Walter Fonseca, na qual apresentamos uma pauta que exigia o pagamento dos salários atrasados. A pressão dos trabalhadores fez o salário dos terceirizados ser pago no mesmo dia e o dos professores no seguinte.
Consciente de que a luta desses trabalhadores foi determinante na conquista do recebimento dos salários atrasados, pois as terceirizações são formas de precarizar mais os serviços, além de intensificar os ataques aos seus empregados, é preciso continuar numa campanha de denúncia desses contratos. É preciso exigir também a divulgação dos valores desses contratos para compararmos com os salários desses profissionais. A partir daí, deduzindo o valor dos contratos com os salários, é possível medir o nível de exploração e rebaixamento dos direitos dos trabalhadores, bem como a fortuna que vai para a conta bancária das empresas.
A causa justa desse movimento deve servir como um primeiro passo rumo ao fortalecimento de uma organização entre esses setores que são ainda mais oprimidos e explorados do que os trabalhadores efetivos. A luta não pode parar! Nosso objetivo agora é garantir que os professores contratados permaneçam nas escolas em que estão até pelo menos o final do ano e que todas as vagas sejam preenchidas pelos concursados, garantindo que nenhuma escola fique sem professor por causa da arrogância do Secretário Walter Fonseca e da Prefeitura, que tenta amedrontar os trabalhadores e fazê-los recuar da luta.
Por isso, somos contrários ao concurso para trabalhadores temporários. O concurso público deve ser para trabalhadores permanentes, pois se trata de uma forma para combater a precarização da educação e do serviço público. Todo apoio à organização da luta dos terceirizados e contratados da educação. Pelo pagamento integral de todos os direitos trabalhistas. Em defesa da livre organização nos locais de trabalho, da sindicalização e do direito de greve. LUTAR NÃO É CRIME, LUTAR É UM DIREITO!
SECRETÁRIO WALTER FONSECA PARTE PARA ATAQUE PESSOAL CONTRA MILITANTE DA CSP-CONLUTAS
Na audiência com Walter Fonseca, além do seu chefe de gabinete, uma comissão de sete trabalhadoras esteve presente. Naquela ocasião, todos testemunharam a atitude desrespeitosa de Walter Fonseca em relação à professora Amanda Gurgel, da CSP-Conlutas. A professora teve a sua fala interrompida pelo Secretário que, gesticulando muito, num tom agressivo, e com uma expressão de raiva, afirmou que Amanda não iria fazer ali “o discurso político que tinha feito na Assembleia para se promover”, que ali não havia “espaço para a sua fala”, nem havia “sua plateia”.
O Secretário estava claramente incomodado com o fato de a professora se posicionar firmemente contra os argumentos apresentados inicialmente por ele. Walter Fonseca afirmou que os trabalhadores terceirizados deveriam reclamar com “os seus patrões e não com ele”.
A CSP-Conlutas exige respeito aos trabalhadores e a seus representantes. A professora Amanda, assim como qualquer trabalhador, tem o direito de se expressar na defesa dos interesses da categoria e do serviço público. Amanda simplesmente defendeu melhores condições de vida e salário para todos os profissionais da educação, bem como o investimento dos recursos públicos na educação pública e de qualidade, ao contrário do Secretário e de sua Prefeita, que governam para os interesses dos empresários, especialmente os locadores de mão de obra terceirizada.