terça-feira, 31 de maio de 2011

Deu na Imprensa

"A escola virou um depósito de crianças"

Professora do Rio Grande do Norte ganha fama ao enfrentar deputados e expor a situação precária da educação no País

Claudia Jordão

Oito minutos. Foi o tempo necessário para a professora potiguar Amanda Gurgel roubar a cena, dias atrás, numa audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Com apenas 1,57 m de altura, mas postura de gigante, ela proferiu um discurso no qual dizia, com ideias bem amarradas e rara transparência, receber salário de R$ 930 por mês (“menos do que os deputados gastam em suas indumentárias”), que os professores vivem uma crise de identidade e estão doentes. A condição indigna dos docentes não é novidade, mas o vídeo com a sincera fala de Amanda correu o País com intensidade impressionante e colocou em foco esse profissional, sobre quem está depositado o futuro do Brasil. Duas semanas depois de o vídeo do discurso ser postado na rede, havia sido visto quase 1,6 milhão de vezes.

Amanda, 28 anos, começou a dar aula aos 21. Há três, foi diagnosticada com depressão, afastou-se da escola e retornou em funções fora da sala de aula. Hoje, dá expediente na biblioteca de um colégio estadual e no laboratório de informática de um municipal. Além dos R$ 930, seu salário do município, recebe R$ 1.217 pelo Estado. Amanda decidiu lecionar ainda adolescente, mesmo sabendo que a remuneração era baixa. “Só entendi de fato o que isso significava quando tive de me sustentar e comprar meu primeiro quilo de feijão”, conta. Órfã de pais desde menina, ela nasceu em Natal e foi criada pelos tios. Estudou em escolas públicas e privadas, no interior do Estado. Solteira, sem filhos, tem uma rotina puxada. Mora sozinha numa quitinete, acorda às 5 horas, pega três ônibus para ir trabalhar e volta para casa somente às 22 horas.

ISTOÉ – O que mudou na sua vida desde a divulgação do vídeo?
Amanda Gurgel – Minha rotina está temporariamente alterada. A repercussão do vídeo gerou um assédio nacional e esse é um momento que eu quero divulgar os problemas da educação no País e ser uma porta-voz de meus colegas. Então, estou me doando.

ISTOÉ – Pensa em se candidatar a algum cargo público?
Amanda – Olha, não me vejo agora fazendo outra coisa. Sei que o meu lugar é na classe trabalhadora, no chão, na escola, junto com os meus colegas. Sou filiada ao PSTU desde o ano passado, mas sempre fui militante, primeiro no movimento estudantil, depois pela causa da educação. Mas, nunca pensei em me candidatar a nada. É uma discussão futura.

ISTOÉ – Como gasta seu salário?
Amanda – Não tenho luxo, só gasto com o essencial, como alimentação, moradia, vestimentas e plano de saúde. Quase não tenho acesso a lazer. A última vez que fui ao cinema foi em 2010.

ISTOÉ – Por que se afastou da sala de aula?
Amanda – Houve um tempo em que eu trabalhava em três horários, estava na rede privada, acabei assumindo o município e tinha uma média de 600/700 alunos. Comecei a dar aula em 2002, tinha 21 anos, estava eufórica, topando tudo. O ápice do problema de saúde foi de 2007 para 2008, quando percebi que estava estafada. Estava em sala de aula com alunos pouquíssimos proficientes. Alunos de sexto ano que não sabiam ler palavras básicas como bola, pato, entendeu? Comecei a me desesperar diante da realidade, não sou alfabetizadora. O que vou fazer se nada do que estou preparada para oferecer eles estão preparados para receber? Sou professora de língua portuguesa e literatura portuguesa e brasileira de alunos dos ensinos fundamental II e médio.

ISTOÉ – Por que as crianças não aprendem?
Amanda – O aluno de 6 anos está em uma sala de aula superlotada e não há condição de alfabetizar ninguém dessa forma. Fala-se muito em democratização do ensino básico, mas se cada etapa do processo de aprendizado não é trabalhada de forma adequada, não há democracia. A escola virou um depósito de crianças, que é o que os políticos querem. Eles querem ter um lugar para deixar a criança enquanto os pais vão trabalhar e nada mais.

ISTOÉ – Foi o início da sua crise?
Amanda – Foi. Fiquei um tempo de licença e voltei em adaptação de função. Minha última aula como professora de português foi em 2008.

ISTOÉ – Quais funções você desempenha em cada escola?
Amanda – A resposta revela um sério problema de infraestrutura. Na escola do Estado, onde trabalho de manhã, estou na biblioteca. Na escola do município, passei por diversas funções. Passei pela coordenação e pela biblioteca e agora estou no laboratório de informática. Apesar de os computadores terem chegado há cinco anos na escola, só agora eles começaram a funcionar.

ISTOÉ – Por quê?
Amanda – Por várias questões. Primeiro, a instalação das máquinas foi muito demorada. Para isso, é necessário um técnico da secretaria porque a escola perde completamente a garantia daquelas máquinas se acontecer qualquer coisa errada. Depois de instaladas, foi um longo processo para a chegada de um técnico para fazer funcionar a internet e outro extenso período para a instalação do ar-condicionado na sala. Foram cinco anos que nós passamos com os computadores na caixa e com aquela sala fechada, apesar de toda a carência que se tem de espaço.

ISTOÉ – Qual o principal problema da educação no País?
Amanda – Se for para eleger um apenas, eu diria a falta de investimento. Como pode um País que deveria investir 5% do seu PIB em educação e investe 3%, paga esse salário irrisório aos professores e deixa a estrutura da escola chegar a um estágio de precarização que precisa ser interditada, como aconteceu numa escola no interior do Rio Grande do Norte, na cidade de Ceará Mirim?

ISTOÉ – Por que foi interditada?
Amanda – O corpo de bombeiros interditou a escola porque nada mais funcionava lá. O teto estava para desabar, a instalação elétrica estava precária, oferecendo risco à integridade física dos alunos e dos professores. Todos esses problemas estão relacionados à falta de investimento. Com um salário digno, o professor poderia ficar na escola, preparando as aulas, conhecendo os alunos, poderia evitar casos como o do atirador Wellington de Menezes. Como um professor vai ser capaz de observar algo se ele tem 600 alunos e não é capaz de, quando chega em casa, visualizar quem são todos? Não temos como mudar essa realidade se não tivermos um investimento imediato. Não estou falando de daqui a dez anos. Há a necessidade de se investir 10% do PIB do País em educação.

ISTOÉ – A que você credita a sua educação?
Amanda – É uma junção de coisas. Desde muito novinha, sempre fui metida. Comecei a ser alfabetizada e já corrigia as pessoas. Também acho que o funcionamento das escolas no interior é bem diferente do da capital. Nas cidades pequenas, onde estudei, funciona melhor. O fato de o professor ter acesso direto aos pais dos alunos coloca a criança e o adolescente na situação de “eu não posso sair da linha, senão o professor vai falar para a minha mãe”. Então, há mais disciplina. Minha educação de base foi de fato muito boa.

ISTOÉ – Se algum aluno disser a você que quer ser professor o que diria?
Amanda – Depende do dia. Acho que fiz certo, mas tenho meus momentos. Já cheguei a dizer ‘não quero mais’, mas em outros momentos, como hoje, estou me sentindo cheia de energia para estar na sala de aula e trabalhar com o aluno. Quando a gente é adolescente, tem uma estrutura familiar por trás. Sempre soube que professor ganhava mal, mas só entendi de fato o que isso significava quando tive de me sustentar e comprar meu primeiro quilo de feijão.

Fonte: Revista IstoÉ

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Greve

Professores ocupam sede do governo da Paraíba

Protesto exige o fim do corte de dias parados e o atendimento às reivindicações da greve

Em greve desde o dia 2 de maio, os professores do estado da Paraíba foram surpreendidos na sexta-feira com o desconto dos dias parados. Cerca de 20% dos professores, ao conferirem seus contracheques pela internet, se depararam com o desconto de até R$ 700, referente aos dias de greve. “Além de ser uma medida arbitrária, de um governo que tem se mostrado intransigente com a greve, o corte do ponto ainda foi completamente aleatório. Há professores que não estão na greve e tiveram o salário descontado”, conta Lissandro Saraiva, o “Tanque”, militante da CSP-Conlutas em João Pessoa.

Diante do corte, a reação foi imediata. Logo após a assembleia desta segunda-feira, 30, cerca de mil professores saíram em passeata e ocuparam o Palácio da Redenção, em busca do governador Ricardo Coutinho (PSB). “Aqui dentro do prédio deve ter umas 600 pessoas participando na ocupação. O governador não quer nos receber e avisou que não vai voltar atrás no desconto”, conta Lissandro. “Mas a revolta é grande e não sei quando sairemos daqui”, avisa.

Aritmética perversa
A greve na Paraíba começou exigindo um reajuste de salário, e o cumprimento da lei que estabelece o piso nacional da categoria. A Paraíba não cumpre sequer o piso sugerido pelo Ministério da Educação, em torno de R$ 1.187. “O governador disse que, no futuro, quando ‘colocasse as contas do estado em dia’, ele iria cumprir a lei”, conta Lissandro. Diante da pressão dos professores, o governo buscou manobras, como a criação de uma bolsa de desempenho, no valor de R$ 230.

O outro “jeitinho” encontrado pelo governo foi a incorporação da Gratificação de Estímulo à Docência (GED) ao salário. “Essa foi uma grande manobra. Com a incorporação, o estado alcança o piso nacional. Mas, na prática, o salário é o mesmo, não tem aumento real!”, denuncia Lissandro.

A proposta apresentada pelo governo já havia sido derrotada na assembleia anterior, no dia 20, quando inclusive os professores passaram por cima da orientação do sindicato, da CUT, de acabar com a greve. A maioria votou pela continuidade do movimento, que atinge cerca de 75% da categoria.

Os professores da Paraíba buscam ainda uma visita de Amanda Gurgel, professora do Rio Grande do Norte, cujo desabafo foi visto por mais de 1,5 milhão de pessoas no Youtube. “O discurso dela repercutiu muito aqui, até porque a situação é muito parecida. A Paraíba é um dos estados mais pobres do país”, conta Lissandro. “Antes da greve, um professor de nível médio recebia R$ 672 para trabalhar 30 horas”, denuncia.

domingo, 29 de maio de 2011

Greve da Rede Estadual

PASSEATA COM AMANDA GURGEL REÚNE PROFESSORES E ESTUDANTES EM NATAL

Cerca de mil pessoas, entre professores e estudantes, coloriram de vermelho uma das mais movimentadas avenidas de Natal no último dia 26. Com o apoio dos alunos das escolas e de caravanas vindas do interior, os servidores da educação do Rio Grande do Norte, em greve há um mês, realizaram uma passeata partindo do ginásio Machadinho em direção ao prédio da Governadoria do Estado, no Centro Administrativo. O objetivo do protesto foi forçar a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) a negociar com a categoria e a atender as reivindicações de professores e funcionários. A manifestação também contou com a importante presença da professora e servidora estadual, Amanda Gurgel, reconhecida nacionalmente por sua luta em defesa da educação pública após denunciar as péssimas condições de trabalho diante de deputados.

Durante a passeata, vários servidores da educação procuravam a professora Amanda Gurgel para expressar seu apoio e carinho. Entre uma foto e outra ao lado de Amanda, os trabalhadores mostravam sua solidariedade e cumprimentavam a professora pela coragem em denunciar o caos que vive a
educação pública no Estado e no Brasil. “As minhas palavras só ganharam essa repercussão porque refletem o sentimento de todos esses profissionais que estão em greve. Vamos agora unir forças em outros estados para que as greves se tornem cada vez mais uma força nacional de reivindicação. A educação tem que ser tratada como prioridade.”, disse Amanda.

Reprovação do governo já atinge 44,15%
No mesmo dia da manifestação, o instituto Consult divulgou uma pesquisa de popularidade na qual a governadora Rosalba Ciarlini aparecia com 44,15% de reprovação apenas
nestes cinco primeiros meses de administração. Toda essa rejeição também se expressou nas críticas feitas por servidores e estudantes contra o governo durante a passeata. “Essa Rosa só trouxe muitos espinhos”, dizia um cartaz em referência ao nome da governadora. Outro criticava a falta de negociação: “Mais 120 dias para negociar não dá. Respeito já!”.

Já em frente ao prédio da Governadoria, servidores da educação e estudantes reafirmavam a pauta de reivindicações e exigiam ser recebidos pela governadora. Cantando palavras de ordem, eles denunciaram a omissão do governo e cobraram 30% de reajuste salarial para os professores. “Rosalba tirou zero! Respeite o magistério!”, cantavam.


Além do reajuste de 30%, os educadores reivindicam a implantação do Plano de Carreira dos funcionários, a revisão do Plano dos professores e melhor estrutura nas escolas. Atualmente, 93% dos 14 mil servidores da educação do Rio Grande do Norte estão em greve. Ao todo, são 736 escolas paralisadas. Outras dez categorias também estão em greve e reforçam o quadro de lutas por direitos no Estado. Além dos professores e policiais civis, trabalhadores de vários setores da administração indireta cruzaram os braços. Na internet e na imprensa, o Rio Grande do Norte se transformou em “Rio Greve do Norte”.


10% do PIB para a Educação Já!
Discursando para cerca de mil pessoas, a professora Amanda Gurgel voltou a defender a aplicação imediata de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) na educação e convocou mais uma manifestação pelo twitter em defesa da proposta. “No próximo dia 31, todo mundo que se importa com a educação dos nossos jovens deve enviar mensagens com a h
ashtag #dezporcentodopibja, para que alcancemos mais uma vez o topo do twitter. A partir disso, podemos construir atos nacionais apontando para uma possível greve no país.”, afirmou Amanda.

Os estudantes também defenderam a aplicação de 10% do PIB na educação e expressaram sua solidariedade à greve da educação em cartazes exibidos durante a passeata. “Nós, alunos, acreditamos nas reivindicações dos professores.”, dizia um deles, mostrando que os verdadeiros culpados pelo caos na educação são outros.

Amanda Gurgel ainda denunciou o governo do Estado por seu descaso
e desprezo com a educação. “Não existe possibilidade de volta às aulas enquanto não houver proposta do governo. O governo demonstra que não tem mais nem descaso com a educação. Nesse caso, a situação já evoluiu para desprezo. A nossa luta é pela qualidade da educação e não para que a escola funcione como depósito de crianças como a secretária Betânia Ramalho (educação) pensa. Para ela, nós temos que estar em sala de aula para garantir que os pais saiam para trabalhar. Mas a nossa idéia sobre educação é outra.”, destacou a professora.

No dia seguinte à manifestação, o chefe do gabinete civil do governo, Paulo de Tarso, recebeu o sindicato da categoria, mas a resposta foi a mesma: o Estado não tem dinheiro para pagar o reajuste.

Governo sem dinheiro? A arrecadação diz o contrário
Até abril desse ano, o governo do Rio Grande do Norte arrecadou R$ 2,39 bilhões, o que representa um aumento de quase 10% se comparado ao mesmo período do ano anterior, quando os valores tinham atingido R$ 2,19 bilhões. Segundo o Portal da Transparência, até agora o tesouro captou R$ 2,72 bilhões. Os cofres do
Estado receberam R$ 1,12 bilhões nestes quatro primeiros meses só em impostos. O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é quase a totalidade do valor, correspondendo a R$ 971 milhões até o momento. Para se ter uma idéia do aumento da arrecadação, a folha de pagamentos do Executivo do mês de maio é prevista em R$ 230 milhões, menor do que o arrecadado em ICMS, que fechou em R$ 246 milhões, a seis dias do fim do mês.

Em entrevista ao Jornal de Hoje, o defensor público Serjano Vale questionou a falta de recursos do Estado para atender às reivindicações dos servidores em greve. “A arrecadação do Estado para esse ano teve um excelente aumento, o governo reduziu os gastos com o erário e o Fundo de Participação do Estado (FPE) não teve queda. O custo operacional do Estado teve uma redução percentual bastante significativa. Então, se a receita do ano anterior era menor e conseguia cobrir as despesas fixas com a manutenção dos serviços, como este ano, que o orçamento teve acréscimo e as despesas diminuíram não consegue?”, indagou. E criticando os gastos com a realização da Copa de Mundo completou: “O Estado diz que não tem condições para arcar com os reajustes dos planos, mas tem coragem de celebrar um contrato de R$ 400 milhões para assumir o compromisso de trazer uma Copa do Mundo para Natal.”.

Greve da Rede Estadual

PROFESSORA AMANDA GURGEL PARTICIPA DE PROTESTO DE PROFESSORES EM NATAL

A professora Amanda Gurgel participou de caminhada em Natal/RN, no dia 26, com os educadores e alunos, exigindo que o governo do estado atenda às reivindicações da categoria. No microfone, ela convida todos a participarem de um novo tuitaço, pelos 10% do PIB para a Educação. Hoje apenas cerca de 5% são investidos. Ela defende todo tipo de protesto, rumo a um dia nacional de luta da educação.

O ato também reuniu outros trabalhadores em luta do estado, como os rodoviários. A professora ficou conhecida pelo vídeo onde silencia os deputados e revela como é a vida dos professores.

Campanha

10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO JÁ!

O Governo de Fernando Henrique nunca fez da educação pública uma prioridade. Ao contrário, sempre diminuiu os investimentos para pagar a famosa dívida externa. Enquanto isso, as escolas ficavam abandonadas e os professores e funcionários com salários rebaixados. Ao longo dos 8 anos de Governo Lula, essa situação não mudou. Durante todo esse período, a educação recebeu em média um investimento de 3% do PIB (Produto Interno Bruto), sem que o PT e o Sinte/RN se colocassem contra.

No ano passado, Lula dedicou apenas 2,89% do orçamento para a educação. Em contrapartida, os banqueiros receberam, através do pagamento da dívida pública, quase 45% dos recursos do Brasil executados em 2010 (R$ 635 bilhões). Já no início de seu governo, Dilma cortou da educação R$ 3 bilhões. Isso prova que nenhum governo, seja do PSDB/DEM ou do PT/PCdoB, jamais tratou o assunto como prioridade.

Por isso, nós, da Oposição CSP-Conlutas na Educação, apoiamos a Campanha 10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO JÁ!, lançada pela professora Amanda Gurgel na TV e na internet. Também exigimos que a direção do Sinte rompa com o Governo Federal e entre na campanha dos 10% do PIB para a educação. Só assim conseguiremos mudanças verdadeiras. Participe você também dessa luta. No Twitter, escreva #dezporcentodopibja e fortaleça a campanha.

Reivindicações

EDUCAÇÃO QUER PAGAMENTO DOS DIREITOS

Os professores do RN reivindicam a Revisão do Plano de Carreira, com correção da Tabela Salarial para que o salário inicial do nível médio seja de R$ 1.530 para 30 horas semanais. Para o Nível Superior, a reivindicação é de que seja de R$ 2.142 também para 30 horas semanais. Nesta Revisão do Plano, há ainda a exigência para que 1/3 da carga horária seja destinada a atividades extraclasse, conforme a Lei 11.738/2008 que foi declarada Constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Os trabalhadores em educação também cobram o cumprimento do Plano de Carreira dos Funcionários, aprovado no final do ano passado e que inclui todos os funcionários estaduais da Administração Direta. O Plano determinou que a correção da tabela salarial deveria ser paga em três parcelas. Entretanto, a segunda parcela já venceu e ainda não foi implementada, o que totaliza correção de 60%. Até o momento o reajuste foi ZERO, sendo paga apenas uma parcela de 30% no início deste ano para alguns funcionários, mas os pagamentos já foram suspensos.

Este Plano de Carreira fixa o salário inicial do Nível Fundamental em R$ 765; do Nível Médio em R$ 1.275 e do Nível Superior em R$ 2.550 para 40 horas semanais. Além disso, ainda enquadra o servidor conforme o tempo de serviço no Estado, posicionado o trabalhador na Letra (Progressão Horizontal) correspondente.

Por fim, professores e funcionários reivindicam o pagamento de todos os direitos atrasados, como Abono de Permanência, Pecuniária, Horas Suplementares e Progressões Horizontais e Verticais. Para se ter uma idéia do desrespeito dos governos, incluindo o de Rosalba, há professores com mestrado do Concurso de 2000 que ainda ganham salário de Nível Médio.

Braços cruzados

GREVES SE ESPALHAM PELO RIO GRANDE DO NORTE

Uma onda de greves se espalha pelo Rio Grande do Norte. Acompanhando os trabalhadores estaduais da educação, estão médicos, policiais civis, rodoviários, servidores do Detran/RN e auditores fiscais. Todas em luta contra o governo de Rosalba Ciarlini (DEM), que insiste em não atender às reivindicações das categorias e arrochar os salários.

Um mês de greve
A greve da educação do RN já dura um mês e segue forte. Paralisados desde o dia 28 de abril, os trabalhadores continuam com disposição para manter as escolas fechadas enquanto o governo não atender às reivindicações. A estimativa é de que 95% dos 18 mil professores da rede estejam em greve, o que se deve também às regionais.

A professora e militante da Oposição CSP-Conlutas na Educação, Amanda Gurgel, defendeu a unificação da luta das categorias em greve. “Nós, da oposição, exigimos da direção do Sinte a construção da unidade com as outras categorias em greve para fortalecermos a luta dos servidores.”.

Fala, Amanda Gurgel!

“É NECESSÁRIO TRANSFORMAR NOSSA ANGÚSTIA EM AÇÃO”

Não existe uma palavra que melhor defina a situação da educação aqui no Rio Grande do Norte e no Brasil do que caos. Um caos que começa na nossa formação e vai desde a estrutura precária das escolas, passando pelo caráter burocrático que ganharam as funções de coordenação pedagógica e direção, a superlotação das salas de aula, a demanda não suprida de professores chegando, finalmente, à remuneração do trabalhador que constitui a representação do valor que é dado a nossa profissão.

Mas todo esse caos não acontece por acaso. Há uma intenção da burguesia e dos governos em manter a classe trabalhadora excluída do desenvolvimento intelectual. Com isso, garantem que os trabalhadores não atinjam altos níveis de cultura e pensamento crítico, no máximo serão alfabetizados e aprenderão um ofício. Além disso, tentam dividir a classe trabalhadora, colocando alunos, pais e mães contra os professores.

Muitas pessoas acreditam que greves prejudicam os estudantes, quando é justamente o contrário: somente nas greves temos a oportunidade de abrir para a sociedade os problemas do nosso cotidiano e que nos impedem de realizar o nosso trabalho. Somente nas greves podemos obter conquistas para a educação, pois a história mostra que nossos direitos não foram conquistados de outra forma.

Governos que beneficiam os empresários é que são os culpados por prejudicar a vida do povo. Do contrário, Dilma não teria cortado R$ 50 bilhões do orçamento do país nos primeiros dias de governo para pagar os juros da dívida pública. Só a educação perdeu R$ 3 bilhões. De quem é, então, a responsabilidade pelo prejuízo?
Já estamos com um mês de greve e a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) se nega a atender nossas reivindicações, afirmando que o estado não tem recursos. Mas isso não é verdade.

Para ter uma ideia, o RN arrecadou só no primeiro trimestre desse ano, segundo o Dieese, R$ 776 milhões de ICMS, o que representa R$ 110 milhões a mais do que no mesmo período do ano anterior. Já de janeiro a abril, o Estado recebeu R$ 214 milhões de FUNDEB, cerca de 54 milhões a mais do que em 2010. Portanto, o momento não é para choradeira. O momento é para apresentação de propostas e negociação com os trabalhadores em greve.

Diante da intransigência do governo, nossa categoria tem reagido com luta, mesmo com a direção do Sinte/RN tendo defendido o adiamento da greve. A cada assembleia, recebemos informes de adesão de cidades do interior. O movimento vem ganhando força e não devemos retornar às escolas sem o cumprimento do Plano de Carreira dos funcionários, a revisão do Plano dos professores e o pagamento dos direitos atrasados. Por isso, é necessário, em cada lugar do Brasil, transformar nossa angústia em ação. Precisamos mostrar a nossa consciência de classe e a nossa capacidade de organização.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Educação

Professora Amanda Gurgel vai ao Domingão do Fautão



Amanda Gurgel no Boa Tarde RN (Band)



Professora Amanda Gurgel é entrevistada pela Globo News



RN TV entrevista professora Amanda Gurgel