segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Alimentos

Países pobres pagam mais por comida, apesar de baixa no preço
Segundo estudo da ONU, alimentos nos países em desenvolvimento estão 80% mais caros do que há um ano

SYDNEY - Os preços dos alimentos subiram nos países em desenvolvimento, apesar da queda dos preços mundiais causada pela crise econômica global, revelou nesta segunda-feira, 26, na Austrália, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU.
Josette Sheeran, diretora da agência, explicou que a mudança climática elevou os custos dos combustíveis e isto reduziu os salários. "Apesar dos preços terem caído nos mercados globais, nos países em desenvolvimento os preços dos alimentos estão 80% mais altos que há um ano", declarou Sheeran.
Recém-chegada das Filipinas, a diretora da PMA disse que naquele país asiático uma colheita de 1,1 milhão de toneladas de arroz corre o risco de ser perdida por causa dos tufões e ressaltou que atualmente os desastres naturais são mais frequentes e destrutivos que no passado.
No mundo há 1,020 bilhão de pessoas famintas. "Uma em cada seis pessoas no mundo acorda sem saber se poderá comer", disse Sheeran em entrevista coletiva.
A Austrália assinou nesta segunda-feira um acordo com o PMA para doar US$ 130 milhões (84,5 milhões de euros) nos próximos quatro anos para auxiliar na alimentação de crianças em escolas do Sudeste Asiático, África e possivelmente América do Sul.
Fonte - Agência Efe - publicado em 26 de outubro por O Estado de S. Paulo

Fome

Número de famintos ultrapassou 1 bilhão em 2009, diz ONU


Crise dos alimentos e recessão econômica provocaram maior flagelo da fome registrado em quatro décadas




ROMA - A combinação de crise dos alimentos e recessão econômica mundial fez o número de pessoas com fome ultrapassar a marca de 1 bilhão em 2009, informaram nesta quarta-feira, 14, vários organismos da ONU, confirmando uma sombria previsão.


A Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) disseram que 1,02 bilhões de pessoas - aproximadamente 100 milhões a mais do que no ano passado - sofrem desnutrição em 2009, o número mais elevado em quatro décadas.


"O número crescente de pessoas famintas é intolerável", disse o diretor geral da FAO, Jacques Diouf, na apresentação anual sobre a fome no mundo. "Temos os meios técnicos e econômicos para fazer desaparecer a fome, o que é falta é uma vontade política mais forte para erradicar a fome para sempre", afirmou.

O aumento do número de pessoas famintas não é resultado de más colheitas, mas se deve ao alto preço dos alimentos - particularmente nos países em desenvolvimento -, a salários mais baixos e ao desemprego.

Mesmo antes da recente combinação da crise dos alimentos e recessão, o número de desnutridos tem aumentado de forma sustentável na última década, revertendo os progressos da década de 80 e começo da de 90. Os países que integram o G-8 prometeram em julho 20 bilhões de dólares em três anos para ajudar as nações pobres a se alimentarem, redirecionando o foco para o desenvolvimento agrícola a longo prazo.

Essa decisão gerou algumas preocupações de que a ajuda de emergência em alimentos poderia reduzir-se como resultado. O PMA arrecadou 5 bilhões de dólares para alimentar os pobres quando a alta dos preços dos alimentos entre 2006 e 2008 deflagrou conflitos em alguns países. Neste ano, a arrecadação foi de 2,9 bilhões de dólares, e o programa teve que reduzir as porções de alimentos ou reduzir suas operações em lugares como Quênia e Bangladesh.

A FAO e o PMA defendem uma abordagem do problema a partir de ambos enfoques, dizendo que o investimento a longo prazo no desenvolvimento da agricultura não deve levar à diminuição das iniciativas de curto prazo para lutar contra a fome por escassez repentina de alimentos.

Fonte: Agência Reuters - publicado em 14 de outubro de 2009

sábado, 24 de outubro de 2009

Miséria

RN paga o 6º pior salário do país aos professores

O portal de notícias G1 publicou ontem um estudo baseado em uma pesquisa do Ministério da Educação (MEC), onde é apontado que o Rio Grande do Norte paga o sexto pior salário a professores do ensino básico. Ainda segundo a pesquisa, dezesseis estados do país pagam salários inferiores à média nacional. Os dados do MEC foram coletados no ano de 2008, focando os salários pagos a professores das redes estaduais e municipais de todos o país.
A média salarial calculada foi de R$ 1.527 mensais. A média do Rio Grande do Norte, segundo o G1, é de R$ 1.232. O pior salário é pago por Pernambuco, de apenas R$ 982 e o melhor, pelo Distrito Federal: R$ 3.360. No ranking estabelecido pela pesquisa, os oitos piores salários são pagos por estados nordestinos. O único que escapa, ultrapassando inclusive a média nacional é Sergipe, com o salário de R$ 1.611. Abaixo do Rio Grande do Norte estão Ceará, Bahia, Piauí, Paraíba e Pernambuco. Estão acima Alagoas e Maranhão.
Os valores salarias obtidos já contam com gratificações e consideram a renda para a carga horária de 40 horas semanais. O secretário estadual de Educação, Rui Pereira, disse que os dados do MEC, apresentados na matéria do G1 estão defasados, já que, segundo ele, a média salarial no RN agora é de R$ 1293,72. “Como a governadora implementou o plano de cargos, houve uma ascensão vertical e horizontal, melhorando os salários da categoria”.
Ocorre que, mesmo com a média apresentada pelo secretário, o estado continua na mesma posição. Já que acima do RN está Alagoas, com o salário de R$ 1.298. Mas para o secretário, a posição do RN não é de demérito, visto que tem média salarial superior a vários estados nordestinos. “Se você comparar a economia do Ceará, da Bahia e de Pernambuco, estados que estamos superando, não temos uma posição ruim.”

fonte - Tribuna do Norte - Publicação: 17 de Outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Greve da Educação - Ceará-Mirim

Com protesto, Sinte de Ceará-Mirim cobra acordo de greve feito com a prefeitura
Na manhã de hoje, 21, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTE/RN) - Regional de Ceará-Mirim realizou um ato público para cobrar do prefeito da cidade, Antônio Peixoto (PR), uma resposta sobre o não cumprimento do acordo da greve de agosto passado. De acordo com a diretoria do sindicato, a pauta de reivindicações não foi atendida no prazo estabelecido pela prefeitura. O ato também teve o objetivo de agendar uma audiência com o prefeito a fim de resolver o impasse.
A diretoria da Regional de Ceará-Mirim, junto com cerca de 20 trabalhadores, concentrou-se na praça ao lado do prédio da prefeitura para pressionar o executivo por uma reunião. Com o auxílio de um carro de som, os manifestantes denunciaram a postura do prefeito Antônio Peixoto de descumprir o acordo de greve. Os pontos principais do acordo eram o pagamento de 10% correspondente ao Plano de Cargos e Salários, que deveria ter sido feito desde janeiro desse ano; apresentação de calendário para a reforma das escolas e compra de material de trabalho para os Auxiliares de Serviços Gerais, além da organização de uma comissão para avaliar a implementação da Insalubridade e do Plano de Cargos dos funcionários da educação.
O ato começou por volta das 8 horas e encerrou-se às 11h, quando a prefeitura marcou uma audiência com o sindicato para a próxima terça-feira, 27, às 9 horas, na sede do poder executivo. A manifestação de hoje serviu para fechar o processo de paralisações das escolas da rede munipal, ocorridas ontem e hoje.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Educação São Gonçalo (RN)

Chapa apoiada pela Conlutas vence eleições da educação em São Gonçalo do Amarante

Na madrugada do último dia 8, quinta-feira, os trabalhadores da educação em São Gonçalo do Amarante (RN) alcançaram uma importante vitória. A Chapa 2 – Oposição na Luta, que disputava contra a atual direção, organizada na Chapa 1 e comandada pela CTB, venceu as eleições do Núcleo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTE/RN) de São Gonçalo do Amarante. A vitória consolidou o crescimento da oposição na cidade e expressou a vontade de professores e funcionários em combater o governismo da direção do CTB.

A eleição ocorreu durante toda a quarta-feira, dia 7, em dez urnas, sendo duas fixas e oito circulando pelas escolas. A direção do SINTE fez de tudo para atrasar a saída das urnas, dificultando a entrega da diária dos mesários e até escalando motoristas de táxi que não conheciam o roteiro das urnas. Ao todo, foram 578 votos. A Chapa 1 (situação) obteve 174, enquanto a Chapa 2 (Oposição) chegou a marca de 331, alcançando, assim, 70% dos votos. De acordo com a Chapa 2, essa vitória foi uma resposta da categoria contra todo o governismo praticado pela direção do sindicato no últimos anos.

Apoiada pela Conlutas/RN e pelo Núcleo do Sindsaúde de São Gonçalo, a Chapa 2 fez uma campanha bastante politizada, com o objetivo de mobilizar os trabalhadores da educação para enfrentar os ataques do prefeito do município, Jaime Calado (PR), e lutar para arrancar mais conquistas que possam melhorar as condições de vida e trabalho de toda a categoria.

Na opinião de uma das integrantes da Oposição, Socorro Sousa, com esta vitória, o movimento da educação, ao lado do Núcleo do Sindsaúde, terá mais forçar na luta política e econômica contra Jaime Calado e a Câmara Municipal.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Crônica

Mistério

João Paulo da Silva*


É noite. Dois velhos operários conversam num ponto de ônibus. Ainda lembram os estranhos fatos do final dos anos 80. O desaparecimento de um sindicalista. Barba preta, voz rouca, sem o mindinho da mão esquerda. Um mistério.
– Lembra a última vez que ele deu as caras?!
– Lembro. 1989. Também em 94, eu acho. Não tenho certeza. Faz tempo.
– Quase vinte anos. De lá pra cá, nunca mais a gente teve notícia dele.
– É. Se escafedeu. – Lembra o que ele defendia na época? A reforma agrária, por exemplo.
– Claro! Ele dizia: “Nós não vamos fazer reforma agrária, companheiros, nas terras devolutas que querem nos dar na beira das estradas. Nós vamos fazer reforma agrária é na terra dos latifundiários!”.
– Dava gosto ouvir!
– Lembra quando ele falava de não pagar a dívida externa? Romper com o FMI!
– Se lembro! Nada de dinheiro do povo pros banqueiros!
– E nas eleições?! “Trabalhador vota em trabalhador”. Que lema!
– Ali parecia ser um dos nossos. E aquela que ele soltou sobre os patrões terem lucros do século 20 e pagarem salários do século 19?! Que tirada, hein!
– Outros tempos aqueles.
– Tinha também a questão de ser contra as privatizações! E de fazer valer o salário mínimo da constituição!
– Nem me fale! Aquilo sim era política de valorização.
– Lembro dele surgindo nas greves do ABC.
– Por onde será que ele anda hoje, hein?
– Dizem que ele fugiu, morreu, rasgou a própria história. Sei lá.
– Logo ele?!
– Tanto trabalhador confiou no sujeito e ele sumiu assim. E ainda deixou o tal do Luiz Inácio governando, que faz justamente o contrário do que o outro defendia.
– Eu tava pensando aqui: será que esse daí e o outro não são a mesma pessoa? Tô achando muito esquisito esse sumiço.
– Ora, o que é isso?! Seria uma sacanagem com os trabalhadores. Depois de ter confiado numa história de luta a vida inteira, descobrir que ele e o Luiz Inácio são um só seria uma grande decepção. Não, não. Acho que não. Ele deve ter sido raptado por extraterrestres ainda em 89.
– Mas digamos que existisse a possibilidade do Luiz Inácio e ele serem a mesma pessoa.
– Bom, dessa forma, estaríamos diante do maior caso de falsidade ideológica da história desse País.

(*) É jornalista.